quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Nada de latidos, de línguas, xixis e cafunés.

Nada dessa língua batida,
Adestrada e simplória.
Nada dessa historia vencida,
De triunfos sobre a própria história.
Nada sobre o nada,
Ou talvez inventos de ambição.
Nada sobre o homem que é bicho,
Humano em sua condição.
Cópia esculpida, escarrada de mim pobre inventor.
Do mar miro um navio
No ar lanço-me ator.


Pedro Vasconcelos

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Disse o nária.


Hipócrita semântica que moraliza,

E transborda de valores a descontrolada língua.

Descendo e subindo

Escorregando nas falas e nas gargantas estremecidas.

Quem vê, quem passa,

Por ela fica.

Pois confusa desmoraliza as certidões das sílabas

E tranforma-se em sintaxe da morte.

Fácil é se formar pela superficialidade da métrica,

Entender e buscar ser entendido,

Sem medo das vis imbecis rimas,

Que ruminam as palavras de seu tempo perdido.
Pedro Vasconcelos
29/10/10

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Anastesiado


Em minas o atraso do discurso de exaltação a “mineiridade” beira o ridículo. De fato o mineiro é solidário. Solidariedade que deu ao governo Aécio o controle sobre todos os veículos de comunicação do estado. Solidariedade que estreitou os laços de confiança do estado Mineiro com os grandes empresários locais, solidificando obras faraônicas de caráter meramente populista.
Não, o povo Mineiro não é mais independente do que o povo Brasileiro. Os grandes oligarcas mineiros cresceram politicamente sob uma ótica republicana inventada no século XIX, exaltando uma Inconfidência Mineira que nunca reivindicou a criação de uma federação como a nossa, uma Inconfidência que jamais se preocupou com as injustiças sociais que massacraram o país desde o seu descobrimento e que almejava apenas a diminuição da tributação portuguesa sobre o ouro dos ricos e poderosos. Esta parece ser a mesma lógica do governo Aécio e Anastasia que favorecido pela parcialidade dos veículos de comunicação mineiros arrebanham milhões de eleitores acostumados a dizer sim a políticas de governos elitistas e pretensiosas deixam o nosso estado anestesiado, parado no século XVIII.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cristalização

O genial ainda é o mesmo pacato e rebelde verso
do diferente livro velho.
Um arsenal inútil que faz de todo o diferente fútil do universo jovem,
Que ainda insiste nos mesmos discursos velhos,
De elite disfarçada em argumentos inflamados,
sem os “porquês” consolidados nos verbos
E sem querer acertando na veia dos antigos poetas caquéticos.

Pedro Vasconcelos

terça-feira, 24 de agosto de 2010

" Isto é uma vergonha "


“Que m...: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras! O mais baixo na escala do trabalho.” A frase é do respeitado âncora do Jornal da Band, Boris Casoy, que sem saber que o seu áudio estava sendo transmitido em rede nacional, comentou em tom irônico imagens que mostravam uma dupla de garis desejando felicidades aos telespectadores da emissora. A frase de Casoy não apenas demonstra a opinião de um jornalista renomado, escancara ainda, o preconceito social tão comum entre os membros da elite brasileira, mesmo naquela porção envolvida com os meios de comunicação.
A cultura de desvalorização do trabalho braçal é antiga. Os trabalhos manuais, principalmente os pesados, eram rejeitados pelos cidadãos gregos e delegados aos escravos capturados em guerra O filósofo grego Platão dizia que: “É próprio de um homem bem-nascido desprezar o trabalho”. Logo, os cidadãos gregos valorizavam apenas as atividades intelectuais, artísticas e políticas. Este pensamento se proliferou durante toda idade média onde os servos faziam todo o trabalho duro dos feudos. A cultura de desvalorização dos trabalhos manuais chegou ao Brasil com os portugueses junto com os navios abarrotados de negros escravos. Em 1888 a escravidão terminou em lei,mas as condições de trabalho do povo Brasileiro continuaram sendo as piores possíveis.Aos poucos muitas leis trabalhistas foram consolidadas, as condições de trabalho melhoraram muito, mas ainda é preciso tirar do inconsciente das pessoas esse preconceito social em relação ao trabalho.
O deslise do jornalista pode nos causar espanto, mas não surpresa.Durante toda sua tragetória jornalistica, Bóris Casoy, sempre criticou duramente os movimentos sociais dos trabalhadores, principalmente o MST.Ele é um dos porta vozes de uma “elite branca” que sente profundo desprezo para com tudo que é do âmbito popular. Suas críticas duras e muitas vezes agressivas explicitam bem a sua maneira aristocrática de pensar. A frase de Boris não ofende apenas aos garis, mas desrrespeita a historia de luta do trabalhador brasileiro, tão penalizados pelas cargas horarias abusivas e salários que os colocam abaixo da linha da pobreza.
A maioria dos meios de comunicação do Brasil estão nas mãos de uma elite poderosa recheada de políticos e donos de terras, as conceções televisivas são passadas de geração para geração mantendo assim um ciclo vicioso do monopólio da informação.Durante a ditadura militar muitos jornalistas foram perseguidos e torturados, entretanto alguns empresários do meio foram beneficiados com conceções, estes veículos beneficiados muitas vezes manipulam a inforação, favorecendo assim os seus patrocinadores.Em plena ditadura militar Bóris Casoy foi nomeado Secretário de Imprensa de Herbert Levy, Secretário de Agricultura do governo Abreu Sodré, em São Paulo, isso não quer dizer que ele era favoravel ao regime, mas mostra que Boris teve uma relação próxima com o governo da época. Neste mesmo ano , Casoy chegou a ser citado em reportagem da revista Cruzeiro como um dos principais membros do CCC(Comando de Caça aos Comunistas), um trecho da matéria dizia:
“Boris Cazoy ou Kassoy estuda Direito. Locutor da Rádio Eldorado. Conclamou os alunos do Mackenzie a tomar a USP, de cuja invasão participou. Anda armado mas, segundo os colegas, é incapaz de atirar em alguém. Mora na Rua Itapeva. Acham-no mole com os comunistas”.
O jornalista tem direito de expressar a sua opinião, o que é espantoso é que ainda haja muitas pessoas que pensam como Boris, de uma maneira extremamente preconceituosa e desrespeitosa. Este lamentável episodio não teve nem uma repercussão nos veículos televisivos, talvez por respeito a figura de Casoy, talvez por corporativismo ou talvez por que estes veículos simplesmente desprezam este tipo de discussão.A internet foi a responsável pela divulgação do ocorrido, muitos blogueiros se manifestaram em relação ao tema, no primeiro dia de exibição no youtube o vídeo teve mais de dois milhões de acessos, o que comprova a importância da internet na democratização dos meios de comunicação.Após muitos e-mails e críticas a redação da televisão bandeirantes, Casoy pediu “profundas desculpas aos garis e aos telespectadores da Band” pelo que escutaram em razão de um “vazamento de áudio. A verdade é que desculpas não tiram de Casoy a intenção de ter dito o que disse, e nos passa uma enorme sensação de desconforto, pois não sabemos mais aquilo que se passa nos bastidores de uma televisão e principalmente de um jornal.
Antes de cobrarmos uma atitude não preconceituosa do povo Brasileiro, precisamos acabar de vez com toda a hipocrisia que cerca o discurso da elite brasileira. Ela que fez tão pouco pela educação da nação, continua detendo o poder de educar atravez dos meios de comunicação de massa. Durante muitos anos estes meios deseducaram o povo brasileiro que é constantemente acusado de ser despolitizado.O fato é que muito interessante para os velhos chefões da televisão brasileira que povo continue entrertido com os paredões do “big brother brasil” enquanto nos bastidores eles riem da miséria e da desigualdade do nosso país.Este caso envolvendo Bóris não pode ser visto como um fato isolado, mas deve ser analisado como um problema crônico de uma pátria com poucos donos e muitos empregados na escala mais baixa do trabalho.
Pedro Vasconcelos Costa e Silva.

Voltemos à geléia. O Brasil é o país do relativo, da mistura, que é tudo e nada por indefinição. O Brasil é o país do preconceito, onde brancos e negros se agridem de maneira inocente, mas exercem de maneira pacifica a exploradora relação entre funcionário e patrão. O meu país é o país da indiferença que permite e proíbe, que prende e manda soltar. Meu país é um índio sem coragem e sem espelho, de bruços na varanda esperando a arte de Hélio Oiticica se queimar.

Satart



Admiro roupas coloridas, óculos extravagantes e posturas teoricamente anti-convencionais. Longe de mim estabelecer uma hierarquia artística e cultural, mas existe algo de muito esquisito acontecendo por aqui. Concordo plenamente com a relatividade dos “gostos”, prefiro sim a intensidade cultural de grandes artistas brasileiros como Glauber Rocha, Caetano Veloso, João Gilberto e Guimarães Rosa, mas sem provincianismo não nego a significativa importância de infinitos grandes artistas estrangeiros.
O que não dá pra deixar de negar é o fato de que sempre fomos acometidos por um turbilhão de influências imperialistas norte americanas e européias. Até a década de 80 lidávamos muito bem com isso. Em uma espécie de coleta seletiva os verdadeiros artistas absorviam elementos culturais estrangeiros e os transformavam de uma maneira maravilhosa em cultura nacional. Ou seja, os lixos estrangeiros e nacionais sempre existiram, mas paralelamente a isto, existiam também os não “caretas”, aqueles que burlavam a ordem do consumo e lançavam mão de um contraponto entre as culturas.
E hoje? Hoje o “careta” sou eu. Que insiste em procurar alguma profundidade nas coisas “novas” e “rebeldes” que me enfiam goela abaixo todos os dias. Por exemplo RESTART, cultura nacional, um tal de rock feliz, que chega dar tristeza de tanta futilidade, vai ver é influência da imperatriz da moda Lady Gaga que ensinou aos jovens de cabelo verde que vestir é prioridade em mundo que anda se esquecendo de existir. Restou aos caretas, antiquados e sem dinheiro o rótulo de independentes.
Devo estar precisando de um RESTART em minhas convicções artísticas. “Restart, reset ou reboot, termo comumente utilizado para designar o religamento de um equipamento eletrônico” (definição encontrada em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Restart").
Pedro Vasconcelos.
A turma do Zé pretinho.

A Lady Gaga não é gaga nada.

A Lady Gaga não é gaga nada.
Desconheço.
Prazer em vê-la
Reconheço.
Vestida de nudez pelo avesso,
Travestida de surdez desde o começo.
Alô, Alô América do Norte.
A Lady Gaga não é gaga nada.
Ela é musa, não é?
Cantora sem voz,
Pois é.
Tem-vos cantado em falsete.
Abaciando os quadris de plástico,
Pra traduzir, “cacete”.
Lady Gaga no desenrolar da crônica
Colocou seus lindos seios dance - pop eletrônica pra fora.
E povo superestimou aquela moça
Dando-lhe o mastro de rainha dos anos 80
Em pleno século XXI.
 
Pedro Vasconcelos.

Conexão Esconderijo

Eu prefiro o exagerar do erro
Ao acerto despercebido.
Eu prefiro o assassino e político corrompido.
Pelas pessoas que amam todo dia,
Eu prefiro.
Estar mal acompanhado
Do que antes só desconhecido.

pedro Vasconcelos

Rocha, espanto da covardia e desgraça da sua sorte


Ele chorava a estupidez, ele chorava a mediocridade, a tortura, ele chorava sorrindo, chorava gritando, estapeando caras e atores inexpressivos. Ele chorava tudo aquilo que todos nós devíamos chorar e não choramos. Ele arregaçava as mangas e fazia o novo de novo e quantas vezes fosse preciso.Nas ruas parisienses do Rio de Janeiro ele acreditou, viveu e criou Brasil. Descobriu os brasileiros perdidos e do mesmo rio fez resplandecer a morte, a crença e a maldade do nordeste desconhecido.

Vindo

Passei feito brisa boa,
Deixando na garganta a vontade pelo quase.
Guardei no bolso as alegrias das pessoas
E caí voando de preguiça e saudade.
De repente me mandei faz tempo,
Fazendo das brisas vento e do medo,
Medo.

pedro Vasconcelos

Livre

Se você está comigo,
Está com o mundo inteiro.
Sou osso, carne e pêlo.
E por quem o desejo grite
Que me arrisque a língua
Este é o meu desfecho maior.
Meu corpo,
Meu sexo,
Meu dinheiro sem esforço,
Sem suor.

Pedro Vasconcelos

Te Acordar

Hoje te acordei por um sorriso.
Pelo seu cheiro no meu pelo,
Por nós dois e a lembrança.
Hoje eu te acordei inteiro,
Com as marcas nas costas
E a mentira nos olhos.
Hoje amanheci com a janela aberta
E fiz escândalo,
Pra te impressionar
E te causar espanto.

Pedro Vasconcelos

You stay home, she goes out

Fração de momento
Espectro de lucidez a vista.
You stay home, she goes out
Espectro de solidão em casa
Da janela a vista
Eu fico em casa, ela sai.
Mas eu te odeio
E nada me importa
Só eu me importo com ela
E ela me importa
You stay home, she goes out
Nada exige importância
Mas eu me importo.
Te odeio
Te exijo
Te julgo em ortografia.
You stay home, she goes out
 
Pedro vasconcelos2009

Flora

Seu nome é substrato seu.
Do corpo beijando a margem
E o meu imagem,
De você em mim.
Amor não da tempo ao tempo
Flor que se cheire,
Vicia
E mata.
Vamos arriscar nossa timidez,
Celebrar o verde da nossa teoria
De que sozinho não tem graça
E nem teria.
Se nos dois não fossemos ciclo
E sim,
Poesia.
Eu não tenho medo de filhos,
Eu não tenho medo de donos.
Tenho horror à feiúra
E medo de quem compra.
Dono do mundo, dona das coisas.
Em mim você não manda,
A mim você não compra.
Arrogância e soberba,
Maquiagem e rock britânico.
Essa rua também é minha.
E o tapa na cara foi cuspe no chão
Mentira,
Foi suor sem trabalho
É pagar entrada por consumação.

pedro Vasconcelos 2009

Desentendido

O mundo talvez não te entenda,
Não é de praste ser entendido.
O comum é ser julgado,
Ser mal feito e mal falado.
O mundo talvez não te entenda,
Más você procura entender o mundo,
Procura entender de tudo.
O texto e contexto.
Tudo em uma lida só.
O certo é que o ser humano segue nu
Segue incerto como um mistério
O mundo talvez não te entenda
Não sei se é ser humano,
Se é ser político ou animal
Instintos ressoam os verbos
Instintos ressoam as cores
Instintos colocam meus pés sensíveis nesse chão de terra
O mundo talvez não te entenda,
Más você também resume o mundo
Não aceita nada,
Não se rende e nem opina
Não mastiga e também não cospe
O mundo talvez não te entenda,
Talvez não entenda seu amor brega.
De calcinha em um domingo
Seu sexo cético e desconfiado
Sua champagne triste e sem espuma
O mundo talvez queira um dia te entender
E você vai entender,
Que no mundo não há mais nada para ser entendido.
 
Pedro Vasconcelos
2008-09-09
 
 
 
 
 
 
 

É como se mundo girasse

É como se mundo girasse.
Em verdades
O sol que me dilata pupila
Guia-me sem cartilha
Até a próxima esquina
Pois sua imagem presa na retina
Dá luz ao céu que nada mais ilumina
Um céu que nada mais lhe oferece
E sei que o tudo encontra no todo
Uma resposta que se encontra esburacada
No sorriso tão discreto e hostil
Que no inverno quase seco do Brasil
Encontra a rosa quase morta no quintal
E não existe se quer originalidade
Pois na calada derramada
Sangue escuro
Segue seco na calçada
Sem que a chuva ameace suas marcas
De menina
Marginalizada
Na marca da menina entristecida
Sinto o cheiro de mulher estarrecida
E cansada
Ela sai de casa enfurecida
É como o vento que escapa do ventre da mãe
E despida de mim
Morre para que se siga com a vida.
pedro Vasconcelos.
De algumas sombras, os gritos
A alucinação
Segue a linha reta de uma avenida sinuosa
A sola gasta
E furada de asfalto,
Denuncia.
O ar e sua criatividade,
Pronta para de alguma maneira
Ser consumida,
Direcionada pela ignorância do vento
Destruída pelos ouvidos dos poetas experimentalistas.
Em cada sarjeta,
Um mendigo e sua historia,
Um conto,
Aonde a insanidade supera a tristeza
Como se a fome perdesse a importância
E as bocas dos bueiros se abrissem de uma vez.
Em todos os bares,
Lugares
E praças,
Notei logo
Tão somente
A beleza das paredes e jardins.
E a frieza condicionada
Pelos ares da burguesia rural.
A cidade mora na sombra de um prédio
E não me importam as penumbras.

Pedro Vasconcelos
2008

Asma

O tempo parou,
Pelo ar poluído pairam algumas de minhas orelhas
Inspiro sua falta
Tragada quente na minha garganta inflamada
Sua ausência ganha força
E invade egoísta o meu pulmão inocente
Expiro,
Sentindo o acelerar de um coração frigido
Queimando tripas e espalhando brasas
Fechando o peito que insiste em estar aberto
O ar não entra
Mas também não sai
O estático do meu respirar
Confunde-se com o compasso da morte viva
Presente nos finados da esperança inútil.
Amor
Pedro Vasconcelos.
2008 

Brasilidade

Respeitem meu ego Macunaíma
Meu contra gosto latino americano
Os tempos são outros
E meus gritos serão escutados
Deixem os pássaros e as cores de Zuzu em paz
Que as frutas de um falso tropical eternizem Carmem em coro de tico-ticos
Acreditem nas profecias de um tal Raul
No romantismo exacerbado do companheiro Chico
E na melancolia poética de Cartola e Noel
Respeitem essa vontade minha de dormir na rede
De comer acarajé com bastante pimenta
E depois me embriagar com cachaça da roça
Senhoras e Senhores
Quero que aceitem minha poesia suja
Sem rima
Sem virgula
E sem ponto
Mas entendam
O complexo desenrolar de minha língua
Como um ultrajado passo futuro da historia
Provemos
Que Caminha estava errado
Viva a terra esquecida
Vivemos brasilidade.

pedro Vasconcelos 2007

Justificando

Não vou justificar
O trocar de minhas letras,
Nem explicar meus lapsos de rebeldia
Não vou me acomodar com a pouca poesia
E nem negar o resto do que escrevo
Não quero morrer satisfeito por um copo de coca-cola
E nem fumar cigarro pra sentir a brasa que te falta
A minha brasa é a vida
E minha coca-cola é a rua
Tudo que eu quero não cabe no seu simples
Não é caligrafia de qualquer quadrado
Sou além,
Muito além da margem.
Dançar por uma noite é pouco
Poema em papel de bar é pouco.
É pouco fazer por fazer.
Faço acontecer
Pelos mosquitos que palpitam de pronto
Faço morrer por um grito de refém desesperado
Só pra me faltar limite.

pedro Vasconcelos
 

Seremos em bando

Somos e não somos,
Somos fome,
Fomos sono,
Seremos gritos de liberdade encalhados no tempo
Somos,
Talvez fomos
Fumamos a podridão gaseificada a prestação,
A prestação de um automóvel estático
Enfileirado
Seremos ‘’dizedores’’ de nossas próprias e exclusivas verdades
Não acreditamos
Não cremos
Nem seremos aceitos
O movimento é estreito
Sentido anti-horário
Ideologicamente incoerente
É rato que corre a deriva do gato
Um prato fundo de sopa
Garfo e faca
Grato
Ser ingrato não é ser cético
Espirituoso
É saber que mão tem cinco dedos
Cinco formas de ser estendida
 
Pedro Vasconcelos
Mov. Brasilidade

Semana santa

A novidade colorida em plasma,
Emite radiações de tempo e esperança.
Na solidão América
Nada posso ser além,
Nada posso ir além de individuo.
Nada posso pensar por entre o fora
Da mediocridade da paixão e da família.
O pássaro branco anuncia.
O sorriso e a alegria do não ser
Não sou Deus,
Não sou pai e não sou filho,
Não criei o mundo
E não julguei o homem.
Prazer!
Meu nome é profano
Sou vento e afano
E tenho tempo,
Tempo pra dar e vender.
 
Pedro Vasconcelos
2009-04-09

Capital

O homem
O lobo do homem
Um homem de um lobo
O lobo faminto
Um homem com fome
Um lobo correndo
Um homem com forma de lobo
Um lobo com feição de homem
Quase vivo lobo
Quase morro homem
Lobo
Homem
Mundo
Capitalismo.

pedro Vasconcelos
2008

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Bando, o que seremos?

Pela Prosa

Eu faço minha sombra, tenho tanto medo dela que muitas vezes não saio na rua. Talvez seja medo tolo, medo de esbarrar comigo mesmo, medo de me ver na frente de um eu que não conheço.
Minhas preposições se misturam com os meus substantivos, nem mesmo os mais abstratos conseguem desfigurar o que de sólido trago no peito.Perder o indefinido é mais difícil com certeza.Perder não é tão poético. Perdi toda a minha poesia, escrevo em prosa, prosaica e seca.
Considero melancolia, considero sentimentos desconsideráveis.Nada me é tão próprio e tão pessoal como o que sinto, não sinto nada.
Primitivo amo.
 
 
Amor,
pedro Vasconcelos 2007

As formas das minhas formas

Sou o acaso em sua ocasião.
O reverso do verso.
Sou pedra
Feita de Pedro.
Sou logo um jeito de medo.
Confeccionado as pressas
Sou feito de qualquer jeito.
Estou individuo na mão de um só Deus.
Pois digo o que não quero pensar
E penso o que não posso dizer.
Estou impreciso,
E não entendo as formas das coisas
Sejam elas:
Triângulos
Obtusângulos
Ou meros quadrados
Sou,
Ou estou enquadrado
Preciso ser mais preciso e fático
Ou mesmo ser eu ao contrário
Não calculo
Nem berro surdo
Não concluo
E nem te entendo
Injustiças assim sejam feitas.
Aqui,
Ou aí
Bem longe de ti.
 
Pedro Vasconcelos
2006
 

A gente menina

Menina.
Vê se ama
E faz que me ensina
Somos um par inviável
Algo insolúvel
Por isso não me prenda em uma gaiola de unhas
Conte-me suas verdades
Uma por uma
Sem que sua língua áspera
Atinja meu ego de seda
Menina
Estamos longe quando juntos
E isso tudo é necessário
A gente se completa em angustia
A gente se contempla em prazer
Menina
Vê se me engana
E faz que acredita
A gente se agüenta
A gente se entende
Logo estaremos separados
Falando mal um do outro
E tudo isso é necessário
Tudo isso é preciso.
 
2005,
Pedro vasconcelos